sexta-feira, 2 de outubro de 2009


Uma vida dedicada a servir os necessitados

Santo foi o nome que lhe puseram já aos 35 anos de idade e a fama de santidade foi sempre em aumento, até ao seu falecimento. Bispos, sacerdotes, pessoas de todas as categorias sociais o tinham por santo e como tal o veneravam. E esta fama cresceu a tal ponto que, depois da morte, o seu jazigo, no cemitério de Benfica, é visitado diariamente, por muitos fiéis, que lá vão cumprir promessas, pedir e agradecer graças, alcançadas de Deus, por sua intercessão.
Ordenado a 3 de Julho de 1882, desempenhou funções de director no Colégio dos órfãos e director espiritual no Seminário de S. Vicente de Fora. Praticou heroicamente o que inculcava aos sacerdotes: «Confessar enquanto se apresentarem pecados, pregar enquanto houver ouvintes, e rezar até já não se poder mais».
A sua figura inconfundível foi para o povo português católico, naquele tempo, uma âncora salvadora: levemente corcovado, um sorriso de inocência sempre no seu rosto fatigado, um ar de recolhimento habitual, perdido em Deus, na intimidade divina que o atraía a desprender-se dos bens terrenos, para os dar generosamente aos mais necessitados que encontrava.
Mesmo nos tempos mais revoltosos e intolerantes, o Padre Cruz trajava sempre batina e roupão eclesiástico, e na cabeça, um largo chapéu, já gasto pelo uso. Assim o conheceu Portugal, assim se recordam dele, hoje, muitos que o conheceram. A presença do Padre Cruz em missões e tríduos pelas aldeias e vilas do país; o encontro do Padre Cruz nos comboios, nas ruas de Lisboa, nas Igrejas, nas cadeias, nos hospitais, sempre aliviando penas, confortando misérias, dando coragem aos timoratos e oferecendo certezas duma renovação cristã aos desalentados, era um «espectáculo» a que Portugal se habituara.
O Padre Cruz foi o Apóstolo que Deus deu a Portugal naqueles tempos agitados. Apóstolo da Caridade lhe chamaram, e a placa da Avenida do Padre Cruz em Lisboa, a todos o lembra. Todo o apóstolo compreende a sensibilidade dos homens do seu tempo. Enquanto viveu, este sacerdote compreendeu os seus contemporâneos, e esta compreensão deu-lhe um acesso relativamente fácil aos corações sedentos de verdade, de ideal, de transcendência.
O seu programa de apostolado traçou-o, em 1925, numa carta escrita ao Cardeal Patriarca de Lisboa, na altura, D. António Mendes Belo: "Há muitos anos que eu me sinto atraído, talvez por especial vocação da misericórdia de Deus Nosso Senhor, para ajudar espiritualmente os presos da cadeia, os doentes dos hospitais, os pobrezinhos e abandonados, a tantos pecadores e almas desamparadas que Nosso Senhor me envia ou põe no meu caminho. Tenho também grande consolação em ajudar os Párocos nos exercícios de piedade e mais encargos do seu ministério, indo por toda a parte levar, na medida das minhas forças, os socorros da religião a muitas pessoas a quem não é fácil chegarem por outra via. Ora tudo isto tenho sido, isto queria continuar a ser, por me parecer que é mais de honra de Deus".
Em 1940 cumpriu um desejo antigo e fez-se jesuíta aos 80 anos. Apesar da idade, a sua velhice não é ainda a "ruína" doutros anciãos. No seu corpo decrépito arde a chama imortal da vida divina. É já uma "sombra velhinha": mas a essa sombra descansam novos, mais fatigados e envelhecidos de alma do que ele.
Faleceu no primeiro dia de Outubro de 1948. A notícia foi divulgada pela Emissora Nacional, no noticiário das 13 horas. Quando os jornais da tarde saíram, já meia Lisboa e meio Portugal sabiam que tinha morrido o Pe. Cruz.
Três anos depois, em 1951, o processo de beatificação iniciou-se em Lisboa e entregue à Santa Sé em 1965. Com a Igreja a viver um Ano sacerdotal, será que o nosso país receberá a notícia de mais um beato?
Padre Cruz


O Padre Cruz, foi Sacerdote do Patriarcado de Lisboa e depois da Companhia de Jesus.


O Padre Cruz formou-se em teologia na universidade de Coimbra com apenas 21 anos em 1880, foi ordenado sacerdote em 1882. Exerceu a função de professor de filosofia no seminário de Santarém até 1886, de onde saiu para ocupar o cargo de Director no Colégio de São Caetano “os órfãos” em Braga. Regressou à diocese de Lisboa em 1894, onde foi director espiritual do Seminário Menor de Farrobo.

Poema feito por mim, dedicado ao Santo Padre Cruz



Santo Padre Cruz

Há sua volta,
existe luz, existe amor,
Na sua passagem por a terra, foi um Santo,
Todos que a si recorriam, as suas mãos estendia.
Hoje está no céu,
Junto Jesus, nosso salvador,
interceda por nós com amor.
Santo Padre Cruz,
Doce é o seu olhar,
Que ternura de encantar.

O Santo Padre Cruz tem o dom de todos ajudar,
Quem o procura, sabe que consigo pode contar.
Vamos todos louvar,
A Jesus e á sua e, nossa mãe,
Maria Santissima,
Para que em breve,
O Padre Cruz esteja no altar.
Amem.

Publicado por. Goreti Batista em 29 de Setembro 2009

O Santo Padre Cruz faleceu em Lisboa, a 1 de Outubro 1948






O Santo Padre Cruz já está muito velhinho. Mas a sua velhice não é ainda a "ruína" doutros anciãos da sua idade. No seu corpo decrépito arde a chama imortal da vida divina. É já uma "sombra velhinha": mas a essa sombra descansam novos, mais fatigados e envelhecidos de alma do que ele.


A boca está descolorida e murcha, mas continua a sorrir. O coração já lhe bate desconcertado, mas o amor continua a ser para ele "grande e imensa ocupação".




Viveu, envelheceu, sem mudança na vida: sempre de joelhos a rezar, sempre de mãos abertas a dar. Sempre pelos caminhos... Há quantos anos?! Sempre pelas cadeias e hospitais... Há quantos anos?




Já o Senhor levou quase todos os que o viram começar; e, os que vieram depois, acham natural que ele continue na vida que sempre lhe viram fazer...




Para o Padre Cruz viver foi dar-se pela salvação e pela glória de Deus. Por isto mesmo, quando velhinho e doente, o seu apostolado não paralisou.




Recebia, no quarto, algumas pessoas e escrevia a muitas. Há tantos meios de salvar almas! E o Padre Cruz conhecia-os bem.

Podia rezar, podia sofrer. E rezava dia e noite por aqueles que trabalhavam na vinha do Senhor. E, sem se queixar da velhice nem da doença, dizia: "Dou muitas graças a Deus por ter chegado a esta idade de 89 anos, sendo bastante doente desde há muito anos, e peço a tão Bom Senhor a graça de, no resto da minha vida, O amar sempre e fazer amar de muitas almas. Seja esta sempre a minha vontade: Coração de Jesus fazei que eu Vos ame e Vos faça amar".




Se o fim da sua vida preocupava os seus muitos amigos, este assunto a ele deixava-o tranquilo: "Bendito seja o nosso Bom Deus e sempre em tudo seja feita a sua santíssima vontade".
Mas a morte aproximava-se, pacificamente, e veio a 1 de Outubro de 1948. Teria o Padre Cruz pressentido o seu fim? Tal não parece, pois ele não estava preocupado com este momento. A morte do pecado foi a que ele sempre mais temeu, porque seria a separação definitiva da comunhão com Cristo. Por isto mesmo rezava, todos os dias: "Maria Santíssima, pedi a Deus Pai de quem sois filha, a Deus Filho de quem sois mãe, ao Divino Espírito Santo de quem sois esposa, o perdão dos meus pecados, vós que ,sois a Mãe de misericórdia, e no resto da minha vida ter uma fé viva, esperança firme e caridade ardente e graça para comunicar estas virtudes a muitas almas e evitar todo o pecado mesmo venial deliberado, resistir prontamente a todas as tentações, fazer todo o bem que posso e devo com pura intenção e, o que não posso fazer, ter desejo e pena de não poder, e levar todos os meus trabalhos e sofrimentos com inteira submissão à vontade de Deus e procurar adiantar no caminho da perfeição".



Escreveu Santo Agostinho: todos os homens temem a morte do corpo e só poucos temem a morte da alma. O Padre Cruz está entre estes poucos.

O Padre Cruz sentia-se radicalmente livre e salvo por Cristo, porque Ele o libertara do pecado e da sua consequência: a morte. Esta libertação não era a morte biológica, pois Cristo também morreu, mas a libertação da escravidão opressora da morte, do medo à mesma, do sem sentido e absurdo de uma vida inútil que acaba no nada.


À Luz da ressurreição de Cristo, o Padre Cruz sabia, há muito tempo, que a morte física, inevitável apesar dos adiantos da medicina e da aspiração do homem à imortalidade, que ela não era o fim do caminho, mas sim a porta que lhe franqueava a libertação definitiva com Cristo ressuscitado. Graças a esta fé o Padre Cruz, hoje, é um ser para a vida.



O Santo Padre Cruz nasceu, no antigo Rossio de Alcochete, no dia 29 de Julho de 1859, no n.º 32 do Largo Barão de Samora Correia, sendo baptizado na Igreja Matriz, a 25 de Fevereiro de 1860.

O Santo Padre Cruz nasceu em Alcochete em 1859



O Santo Padre Cruz Nasceu 1859
A 29 de Julho de 1859 nasceu, em Alcochete, o Padre Francisco Rodrigues da Cruz. Esta Vila já notável, entre outros motivos, por ter sido o berço de D. Manuel I, o Venturoso, e do Beato Manuel Rodrigues, um dos 40 mártires do Brasil, viu crescer a sua importância, por aqui ter nascido, aquele que já em vida era conhecido pelo Santo Padre Cruz, que esperamos, um dia, venerar nos altares. A humanidade celebra na sua história inúmeros grandes acontecimentos.
Mas os grandes acontecimentos humanos são aqueles em que nasce um santo, pois o nascimento de um santo tem repercussões eternas.É que o santo não é apenas um homem virtuoso que Deus premeia no fim da jornada. Um santo não é apenas um lutador que venceu no bom combate, ou um fiel servidor que adquiriu o hábito do dever.
Um santo é um semeador de ideal que espalha o bem e prepara colheitas para o céu. Do nascimento do Santo Padre Cruz em Alcochete nos orgulhamos todos nós, juntamente com a Vila de Alcochete, porque ela foi o berço daquele que seria outro S. João Maria Vianney, o Santo Cura d'Ars, que faleceu uma semana depois de nascer o Santo Padre Cruz. Esta coincidência parece dizer-nos que Deus não queria apagar uma luz sem nos deixar outra acesa. Santo foi o nome que lhe puseram já aos 35 anos de idade e a fama de santidade foi sempre em aumento, até ao seu falecimento. Bispos, sacerdotes, pessoas de todas as categorias sociais o tinham por santo e como tal o veneravam. E esta fama cresceu a tal ponto que, depois da morte, o seu jazigo, no cemitério de Benfica, é visitado diariamente, por muitos fiéis, que lá vão cumprir promessas, pedir e agradecer graças, alcançadas de Deus, por sua intercessão.
É certo que, por vezes, se notam exageros a raiar pela crendice ou superstição. Claro está que o Padre Cruz não tem culpa daquilo que não é querido nem desejado por ele. Toda a sua vida foi um serviço de amor a Deus, servindo os homens. Num tempo crítico para a Igreja de Portugal, num tempo de perturbação da ordem e da negação de tantos valores, teve lugar a acção apostólica do Padre Cruz. A sua figura inconfundível foi para o povo português católico, naquele tempo, uma âncora salvadora: levemente corcovado, um sorriso de inocência sempre no seu rosto fatigado, um ar de recolhimento habitual, perdido em Deus, na intimidade divina que o atraía a desprender-se dos bens terrenos, para os dar generosamente aos mais necessitados que encontrava. Mesmo nos tempos mais revoltosos e intolerantes, o Padre Cruz trajava sempre batina e roupão eclesiástico, e na cabeça, um largo chapéu, já gasto pelo uso. Assim o conheceu Portugal, assim se recordam dele, hoje, muitos que o conheceram. A presença do Padre Cruz em missões e tríduos pelas aldeias e vilas do país; o encontro do Padre Cruz nos comboios, nas ruas de Lisboa, nas Igrejas, nas cadeias, nos hospitais, sempre aliviando penas, confortando misérias, dando coragem aos timoratos e oferecendo certezas duma renovação cristã aos desalentados, era um espectáculo a que Portugal se habituara. Sim, porque o Padre Cruz foi o Apóstolo que Deus deu a Portugal naqueles tempos agitados. Apóstolo da Caridade lhe chamaram, e a placa da Avenida do Padre Cruz em Lisboa, a todos o lembra. Todo o apóstolo compreende a sensibilidade dos homens do seu tempo. E o Padre Cruz, enquanto viveu compreendeu os seus contemporâneos, e esta compreensão deu-lhe um acesso relativamente fácil aos corações sedentos de verdade, de ideal, de transcendência. O seu programa de apostolado traçou-o, em 1925, numa carta escrita ao Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa, na altura, o Sr. D. António Mendes Belo: "Há muitos anos que eu me sinto atraído, talvez por especial vocação da misericórdia de Deus Nosso Senhor, para ajudar espiritualmente os presos da cadeia, os doentes dos hospitais, os pobrezinhos e abandonados, a tantos pecadores e almas desamparadas que Nosso Senhor me envia ou põe no meu caminho. Tenho também grande consolação em ajudar os Párocos nos exercícios de piedade e mais encargos do seu ministério, indo por toda a parte levar, na medida das minhas forças, os socorros da religião a muitas pessoas a quem não é fácil chegarem por outra via. Ora tudo isto tenho sido, isto queria continuar a ser, por me parecer que é mais de honra de Deus". O Padre Cruz, enquanto viveu, impressionou pelo que era: um testemunho que vive o que prega. O Padre Cruz, como verdadeiro homem de Deus, como verdadeiro sacerdote e como verdadeiro Jesuíta, não pregava com muitas palavras doutas e discursos eruditos; a simplicidade era a sua eloquência. Mas, com o seu modo original de ser, com as suas atitudes e o seu comportamento, revelava aos homens do seu tempo o amor de Deus, e com o seu exemplo proclamava a todos que valia a pena experimentar este amor, para melhor servir os homens, seus irmãos. Ninguém dá o que não tem, diz o provérbio. O Padre Cruz, para poder dar Deus, tinha que ter Deus, para poder dar santidade, tinha que possuir santidade. Não admira, pois, que a sua passagem fosse uma bênção fecunda de graça. Não é de estranhar que hoje o Santo Padre Cruz seja tomado como modelo e incentivo para os que sentem os desafios das novas pobrezas e injustiças, para lhes darem uma resposta de solidariedade, justiça e fraternidade. Portugal celebra já vários santos portugueses canonizados. Entre outros, cito S. João de Deus, S. António de Lisboa, S. João de Brito, mas aguardamos confiantes que o Padre Cruz seja elevado também à glória dos altares, para alegria de todos os portugueses.

A vida do Santo Padre Cruz, obscura e gloriosa, apagada e empolgante, é dos testemunhos mais eloquentes dos nosso dias...
Na simplicidade obscura ou no heroísmo dominador, a vida do santo é sempre luz e força do Evangelho. Por isso, o Santo Padre Cruz, presença augusta e actuante de Cristo, deslumbrava as multidões que o procuravam ansiosas e reconheciam que nele havia o sinal do grande mistério.
Qual a razão dessa atracção poderosa? …
A lição contínua da Sua vida, que para a nossa memória e para a sede de divino, é a Sua figura iluminada de místico e de apóstolo, transformado em força redentora o fogo divino que lhe abrasava a alma.

Oração ao Santo Padre Cruz


«Deus infinitamente misericordioso, que descestes do Céu à terra para ser salvação e o modelo de todos os homens; Vós que dissestes: Pedi e recebereis, procurai e encontrareis, batei e abrir-se-vos-á; pelos méritos e intercessão do Vosso servo Padre Cruz que, perfeito imitador Vosso, abrasado em caridade, passou igualmente pela terra a fazer bem: consolando os aflitos, socorrendo os necessitados, visitando os pobres e encarcerados e convertendo os pecadores; Concedei-nos a graça de imitar as suas virtudes, principalmente o seu espírito de oração e união com Deus, o espírito de fé viva, de esperança firme e de amor ardente, a devoção filial à SS.ma Virgem, o zelo pela salvação das almas e o horror a tudo o que desgoste o divino Espírito Santo e nos torne menos dignos da Sagrada Comunhão. Concedei-nos em particular a graça de ...... se for para honra Vossa, para bem das nossas almas e glória do Vosso servo. Assim seja. Amem. Pai Nosso, Avé Maria e Glória. Bondoso Padre Cruz, rogai por nós».
«Senhor Jesus Cristo, que dissestes: Se não vos tornardes como pequeninos, não entrareis no reino dos céus, olhai para a humildade e simplicidade com que o Vosso servo Francisco procurou a glória divina e o bem temporal e sobrenatural dos humildes, e dignai-Vos glorificar o Vosso discípulo fiel com a auréola da santidade, se isso for da Vossa maior glória. Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos. Assim seja. Ámem. Pai Nosso, Avé Maria e Glória»


Publicada por Goreti Batista em 17 de Agosto de 2008